sábado, 7 de janeiro de 2012

Início do nazismo

A partir de 1930, o movimento nazi de Adolf Hitler cresceu, aproveitando-se especialmente e fortemente do descontentamento popular gerado pela crise económica e política decorrente da Grande Depressão de 1929 e pela revolta e humilhação que o Tratado de Versalhes havia provocado nos alemães. Também se procurava a vingança. A vingança e a recuperação da Alemanha, “a qualquer preço”.

O seu partido, o Partido Nacional-Socialista (NSDAP), era antidemocrático, anti-semita e de um nacionalismo exacerbado. Com um discurso pseudo-revolucionário, tornou-se a maior força política em 1932 e, com a demissão de Franz von Papen, o último chanceler da República de Weimar, o presidente Hindenburg chamou Hitler para constituir o novo governo.
Hitler discursando

Nomeado chanceler do Reich em 30 de janeiro de 1933, Hitler, que considerava o cargo apenas um passo para a tomada do poder absoluto, começou imediatamente a montar um sistema ditatorial. Desfez-se rapidamente dos que o ajudaram na sua ascensão e passou a agir com plenos poderes.

Ao assumir o poder, Hitler começou a montar um sistema ditatorial caracterizado:

·         pela repressão a todos os que se lhe opusessem ou contrariassem,

·         pela perseguição aos judeus e

·         pela expansão militar e territorial.
 
Nesse mesmo ano, o Reichstag aprovou a Lei Plenipotenciária, com a resistência dos social-democratas. Com ela, o regime nazi pôde impôr leis sem aprovação prévia do Parlamento. Era o início da ditaduraProibiu todos os partidos e organizações políticas, com exceção, claro, do NSDAP.

O incêndio do prédio do Reichstag (Parlamento), em 27 de fevereiro de 1933, foi logo atribuído aos comunistas, servindo este acontecimento de pretexto para a aprovação de leis que revogaram direitos fundamentais dos cidadãos, puseram fim à liberdade de imprensa e desmantelaram os sindicatos, principal esteio dos movimentos sociais contrários ao nacional-socialismo.

Quando o presidente, marechal Paul von Hindenburg, faleceu em 1934, Hitler ocupou o seu cargo e assumiu o controlo total sobre a Alemanha, como sempre desejara. Começava, verdadeiramente, o terror nazi.

A partir de então, não havia instância policial ou estatal capaz de conter os distúrbios e agressões das SA (as temidas milícias paramilitares do Partido Nacional-Socialista; literalmente, o nome original, Sturmabteilung, significaria Divisão de Assalto).

O esquadrão comandado por Heinrich Himmler, a SS (abreviatura para Schutzstaffel ou Esquadra de Proteção), começa a consolidar a sua posição especial no aparelho repressivo nazi.

Qualquer tentativa de resistência era brutalmente sufocada. O regime perseguia impiedosamente não só adversários políticos, sobretudo comunistas e social-democratas, como todas as pessoas que não eram do seu agrado. Milhares foram presas e, sem qualquer processo judicial, internadas em campos de concentração (“construídos da noite para o dia”).

Mal tomara o poder, o regime começou logo a pôr em prática seu programa anti-semita (anti-semitismo).

O dia 10 de maio de 1933 marcou o auge da perseguição dos nazistas aos intelectuais, principalmente aos escritores. Em toda a Alemanha, principalmente nas cidades universitárias, montanhas de livros ou as suas cinzas acumulavam-se nas praças. Hitler e os seus apoiantes pretendiam uma "limpeza" da/na literatura.
Queima de livros
Tudo o que fosse crítico ou se desviasse dos padrões impostos pelo regime nazi foi destruído. Centenas de milhares de livros foram queimados no auge de uma campanha iniciada pelo diretório nacional de estudantes. Albert Einstein, Stefan Zweig, Heinrich e Thomas Mann, Sigmund Freud, Erich Kästner, Erich Maria Remarque e Ricarda Huch, foram alguns dos escritores perseguidos naquela altura.

O poeta nazi Hanns Johst foi um dos que justificou a queima logo depois da ascensão do nazismo ao poder, com a "necessidade de purificação radical da literatura alemã de elementos estranhos que possam alienar a cultura alemã". Assim como, desde a pré-história, se acreditava nos poderes purificadores do fogo, o regime do mestre da propaganda nazi – Joseph Goebbels – pretendia destruir todos os fundamentos intelectuais da República de Weimar que ele tanto odiava.

Entre os poucos escritores que reconheceram o perigo e tomaram posição, estava Thomas Mann, que havia recebido o Nobel de Literatura em 1929. Também Ricarda Huch saiu da Academia Prussiana de Artes. Na carta ao seu presidente, em 9 de abril de 1933, a escritora criticou os ditames culturais do regime nazi: "A centralização, a opressão, os métodos brutais, a difamação dos que pensam diferente, os autoelogios, tudo isso não combina com o meu modo de pensar", justificou. Em 1934, a "lista negra" incluía mais de três mil obras proibidas pelos nazis. Como disse o poeta Heinrich Heine, onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas.

A afirmação de Hermann Göring, chefe da SA (Tropa de Assalto), diz-nos bem da brutalidade e perversidade do anti-semitismo nazi: "Preferia que tivessem assassinado 200 judeus em vez de destruir tantos objetos de valor!"

De 9 para 10 de novembro de1938, em toda a Alemanha e Áustria, na terrível "Noite dos Cristais" (Kristallnacht ou Reichspogromnach), Hitler e o seu nazismo continuam a “mostrar aos judeus o que os espera”: as sinagogas foram incendiadas, as casas comerciais e residências de judeus foram invadidas e os seus bens destruídos. O governo nazi impede a polícia e os bombeiros de ajudar os judeus.

Sinagoga a arder

Começa aqui o Holocausto, que causou a morte de 6 milhões de judeus na Europa até ao final da Segunda Guerra Mundial.
Milhares foram torturados, mortos ou deportados para campos de concentração. A justificativa usada pelos nazistas foi o assassinato do então diplomata alemão em Paris, Ernst von Rath, pelo jovem Herschel Grynszpan, de 17 anos, dois dias antes.
Campos de concentração e ghettos (zonas populacionais delimitadas onde os judeus eram obrigados a residir). Dos 65 campos de extermínio criados pelos nazis na Europa, os mais tristemente afamados foram os de Auschwitz, Treblinka e Dachau.

Não esqueçamos que a perseguição nazi à comunidade judaica alemã já havia começado em abril de 1933, incitando os cidadãos alemães a boicotarem estabelecimentos pertencentes a judeus. Mais tarde, estes, foram proibidos de freqüentar estabelecimentos públicos, inclusive hospitais. Além disso, no outono de 1935, a perseguição aos judeus, apontados como "inimigos dos alemães", atingiu outro ponto alto com a chamada "Legislação Racista de Nuremberga".


Escorraçados para os Guetos, escravizados nos campos de concentração e massacrados nos de extermínio, obrigados a usarem a "estrela amarela" ao peito para serem identificados publicamente, obrigados a adicionar aos nomes, nos documentos, Israel para homens e Sarah para mulheres...

Enquanto o resto do mundo parecia não levar o genocídio a sério, Hitler via confirmada a sua política de limpeza étnica.


Um casal de judeus do gueto de Budapeste mostra a estrela amarela - a estrela de David - que o governo lhes impôs em abril de 1944
Uma lei de 15 de novembro de 1935 já havia proibido os casamentos e condenado as relações extraconjugais entre judeus e não-judeus, bem como, que não-judeus fizessem serviços domésticos para famílias judaicas e que um judeu hasteasse a bandeira nazi.
Em 1938, expulsaram-se as crianças judias das escolas e é decretada a expropriação compulsiva de todas as lojas, indústrias e estabelecimentos comerciais pertencentes a judeus.

Gradualmente, retiraram-se aos judeus os seus direitos individuais e civis, proibindo-os de exercer a sua profissão, limitando as suas deslocações, expulsando-os de universidades, agredindo-os constantemente física e moralmente e forçando-os a entregar ou a vender empresas e propriedades. Quem podia, claro, tentava fugir para o estrangeiro por causa da perseguição política, ausência de liberdade de expressão e informação e para escapar às espoliações, injustiças e vexames.

A emigração forçada de intelectuais, artistas e cientistas de renome representou uma perda irreparável para a vida cultural da Alemanha.

Outras leituras interessantes:
A Noite das facas longas

Sem comentários:

Enviar um comentário